/Mabel propõe ceder terrenos públicos para se tornar sócio de construtoras

Mabel propõe ceder terrenos públicos para se tornar sócio de construtoras

Uma das preocupações de quem investe em imóveis na planta é a dúvida se o empreendimento vai dar certo. Agora, o prefeito Sandro Mabel planeja entrar nesse jogo arriscado, propondo que a Prefeitura de Goiânia seja sócia de construtoras através de um fundo imobiliário municipal que cederia áreas públicas ao setor privado.

O prefeito de Goiânia revelou nesta terça-feira (2) seu plano de ceder áreas públicas para a construção civil em troca de uma fatia dos lucros dos empreendimentos. O modelo proposto prevê a criação de um fundo imobiliário municipal que disponibilizaria inicialmente 125 terrenos para parcerias com empresas do setor.

“O fundo imobiliário passaria a ser sócio de um empreendimento. Alugaríamos as salas comerciais e nossa cota seria o aluguel, mantendo o fundo”, explicou Mabel durante apresentação à imprensa. Se aprovada, a proposta faria com que a Prefeitura de Goiânia quer se tornar sócia de construtoras num modelo de negócio onde o poder público assumiria riscos próprios do mercado imobiliário.

Contradições com promessas de campanha

Durante a campanha eleitoral, Mabel prometeu construir 15 mil casas populares em quatro anos de mandato. Agora, a nova estratégia levanta questionamentos sobre o uso efetivo do patrimônio público.

“A Prefeitura não venderia nada. Por exemplo, no meu plano está ter uma área em que eu entre com a área e receba parte da receita”, defendeu o prefeito, que afirma querer criar uma “renda perene” para o município.

Risco de subavaliação e fiscalização comprometida

Especialistas em gestão pública apontam para o risco de subavaliação dos terrenos municipais quando a Prefeitura de Goiânia quer se tornar sócia de construtoras. Segundo o urbanista Paulo Mendes, professor da Universidade Federal de Goiás, “quando o poder público entra como sócio de empreendimentos privados, cria-se um potencial conflito de interesses, pois o mesmo órgão que fiscaliza passa a ter interesse financeiro direto no sucesso comercial do projeto”.

A possibilidade de utilização de áreas públicas em bairros valorizados também preocupa ativistas do direito à cidade. A advogada e coordenadora do Movimento por Moradia Popular, Renata Soares, questiona o modelo onde a Prefeitura de Goiânia quer se tornar sócia de construtoras: “Terrenos que poderiam ser destinados exclusivamente para habitação social ou equipamentos públicos podem acabar virando empreendimentos comerciais de alto padrão, beneficiando apenas construtoras e investidores”.